sexta-feira, 18 de abril de 2008

Magic Teórico: O regresso

Olá a todos,


Depois de alguns meses sem escrever para o site da nossa equipa (pelos mais diversos motivos...) voltei com a intensão de escrever um artigo a cada 2 semanas sobre as teorias nas quais assenta o magic.
E hoje pretendo falar àcerca da crescente agressividade e arrogância que assola uma boa parte da nossa comunidade de jogadores de torneio.

Acabamos agora a temporada de qualificação para Hollywood e eu fui a alguns destes torneios. Nestes torneios, como joguei de TEPS (grande baralho de combo que me permitiu resultados sólidos), tive a oportunidade de ver bastantes jogos, algo tipico de decks que se não matam até ao turno 4 morrem no turno a seguir... Durante estes jogos e, à medida que o tempo na ronda avançava, eu observava uma degradação na relação entre os 2 jogadores, que levava a pequenas discussões sobre regras e tudo e mais alguma coisa, que acabavam geralmente sem benefício para nenhum os jogadores (geralmente em empates, porque as discussões demoravam mais do que o jogo em sí).

Sobre este assunto acho importante esclarecer a diferença entre Trash Talking e o que eu assisti.


Como eu já aquí disse no meu ultimo artigo, existem 2 tipos de trash talking, o positivo e o negativo, com o objectivo de perturbar o adversário. Neste caso falamos do trash talking negativo, que com pequenos pormenores, visa perturbar a capacidade do adversário de discernir a melhor jogada a cada turno. Isto é bastante eficaz, mas apenas se existir uma grande diferença entre o currículo dos jogadores, em que o jogador que está a fazer o trash, tem de ter um nome feito no magic e ser respeitado como um grande jogador, bastante melhor que o jogador que está a ser alvo do trash. Podemos ver um exemplo disto no jogo do português Márcio Carvalho (parabens, a propósito, pelo grande resultado!!!!) vs a lenda do Magic, Mr. Jonny Magic, John Finkle (a quem não conhecer o currículo deste senhor, sugiro uma visita ao Magic Hall of Fame), nas meias finais do Pro Tour Kuala Lumpur. Neste caso há uma diferença enorme em termos titulos entre os dois jogadores, e o facto de o Jonh Finkle ser considerado, unanimemente, como um dos dois melhores jogadores de sempre (a par de Kai Budde), serviu como arma para intimidar o Marcio. Arma que o Finkle utilizou com a mestria que se espera dele, logo desde o início, quando pediu ao Marcio Carvalho para não olhar para o baralho dele enquanto baralhava, e seguiu com vários outros detalhes que desconcentraram o Márcio. Isto sem qualquer tipo de demérito do Marcio Carvalho, que havia já batido outra lenda do Limited, Nikolai Herzog, nos quartos de final. O que pudemos assistir em Kuala Lumpur foi a um grande mind game de um dos melhores de sempre.
Voltando ao tema, se não existir um grande desnivel entre a qualidade que é reconhecida ao dois jogadores, este Trash Talk negativo torna-se ineficiente, porque apenas serve para desconcentrar ambos os jogadores e tornar o jogo lento. Há também que ter em atenção que os mind games são uma faca de dois gumes. Um Trash Talk mal executado, pode levar a que o vosso oponente jogue o seu melhor jogo contra vocês numa prespectiva de se afirmar como o melhor jogador da mesa, servindo mais como motivação do que como um factor perturbador. Outro aspecto negativo de perder um jogo em que tentaram usar o vosso estatuto de bons jogadores para vos dar uma vantagem e falharam, é a frustração e desmotivação de terem perdido com um jogador que pensavam inferior.

Eu evito sempre jogar este tipo de mind games, numa prespectiva negativa. Prefiro mostrar-me ao meu adversário como uma pessoa simpática e bem disposta. Isto permite que os meus adversários não me considerem uma ameaça e joguem relaxadamente contra mim, enquanto eu os procuro ler e perceber a melhor forma de os surpreender e ganhar o jogo. Esta forma permite-me mais facilmente fazer bluffs, porque o meu adversário tende a confiar mais em mim. Também encoraja o meu adversário a fazer jogadas inferiores, pois não se sente ameaçado pela minha presença e logo arrisca mais. Tudo isto beneficia o meu jogo sem ter todos os aspectos negativos que referi acima para o trash talking negativo. Um mestre neste tipo de jogo mental é Kenji Tsumura, que é conhecido por avisar os oponentes que têm de pagar os pactos!!! Os comentadores da Sideboard dizem que ele tem uma aura de comando que leva os oponentes a jogarem da forma que ele quer.

Resumindo, a agressividade que tenho visto, na minha opinião não leva a nada e não é sinónimo de competitividade, pelo que aconselho os jogadores a utilizarem-na com algum cuidado, pois pode ter mais efeito neles que nos adversários.
No proximo artigo procurarei começar a abordar as diversas teorias sobre card advantage. Até lá, divirtam-se e joguem muito!!!
Daniel Pinto